quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Pesquisa do CIEE-RJ revela que maioria dos estagiários cariocas é de baixa renda e estuda em instituições privadas

RIO - O estagiário padrão no Rio de Janeiro vem de uma família com renda de até R$ 1.250, estuda em instituição privada, conhece um segundo idioma, mora com os pais, é mulher, faz curso superior, tem computador em casa e acesso à internet.

Esse perfil foi desenhado por uma pesquisa realizada este ano pelo Centro de Integração Empresa-Escola do Rio de Janeiro (CIEE-RJ). Foram entrevistados 22.960 estudantes de nível superior e médio que constavam do banco de dados da instituição, com mais de 150 mil cadastrados.

De acordo com o levantamento, 22% dos estagiários vêm de famílias que recebem menos de um salário mínimo (R$ 545); e 38%, das que ganham entre R$ 545 e R$ 1.250. Apenas uma minoria, 0,05% dos entrevistados, afirmou ter renda familiar igual ou maior que R$ 5 mil.

Paradoxalmente, 73% dos estudantes se formarão em instituições privadas. O superintendente do CIEE-RJ, Paulo Pimenta, explica que o descompasso observado em relação a esses números se deve a iniciativas do governo federal, como o Programa Universidade para Todos (ProUni), que dá bolsas para estudantes de baixa renda, e o Fies, que financia a faculdade a juros baixos. Ambos permitiram que jovens de classes mais baixas tivessem acesso ao ensino superior.

- Isso é reflexo do que acontece no ensino superior como um todo. Através de programas como o ProUni e o Fies, muitas pessoas estão conseguindo entrar na universidade. A maioria pertence à primeira geração da sua família que cursa uma faculdade. O que só é possível pelas facilidades de acesso e crédito. No Brasil, cerca de 70% das matrículas no ensino superior já são no setor privado, então essa predominância de estagiários oriundos de cursos pagos não chega a ser surpresa. E essas pessoas que estão entrando agora têm mostrado um bom resultado - afirma Pimenta.

"Através de programas como o ProUni e o Fies, muitas pessoas estão conseguindo entrar na universidade. (Paulo Pimenta)"

Outro número da pesquisa que chama a atenção é o de estudantes que dizem ter conhecimento de outras línguas: 62%. A maioria, 56% do total, opta pelo inglês, mas o espanhol, com 20%, também se destaca. Todas as outras línguas somam 8%. Esse resultado demonstra que os jovens sabem da importância cada vez maior de um segundo idioma em um mercado de trabalho global e competitivo.

- Se o candidato almeja uma boa oportunidade de estágio, deverá ter o conhecimento de inglês, no mínimo. É importante ressaltar que a maioria não tem o conhecimento avançado da língua, fator que, muitas vezes, dificulta o seu ingresso no mercado - diz Ana Paula Furlan, da área de Recrutamento e Seleção da Fundação Mudes.

Os futuros profissionais também se destacam quando o assunto é tecnologia. Mais de 90% afirmaram ter acesso à internet, e 87% possuem computador em casa. O número de entrevistados que declarou possuir laptops também foi alto: 44%. E 75% afirmaram ter algum tipo de tocador de MP3.

Para o superintendente, a forte ligação com a tecnologia é apenas um sinal do perfil desta geração: conectada e antenada.

- Sem dúvida, esse é o ponto alto dessa geração que está chegando ao mercado. Já nasce mexendo em todos esses equipamentos. A afinidade com a tecnologia é muito grande. E, mesmo entre as meninas, notamos uma desenvoltura muito grande nesse aspecto - finaliza.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2011/08/31/pesquisa-do-ciee-rj-revela-que-maioria-dos-estagiarios-cariocas-de-baixa-renda-estuda-em-instituicoes-privadas-925255454.asp#ixzz1WhkGMXcR
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